Sou um cão abandonado, sou um velho sem rumo
Passeio na rua sem ser visto, sem ver ninguém
Sou a droga que consumo
Sou a mágoa de alguém
Sou um cão abandonado, sou um herói esquecido
Sou a sombra do meu medo, talvez perdido
Sou a minha própria trela, e com ela me amordaço
Sou a pedra da calçada , perdida no teu regaço
Sou um cão abandonado, sou um barco ancorado
Sou as velas rasgadas que um dia navegaram
Sou saudade e angústia, que deixei no porão
Sou o vento que me arrasta e me tira o chão
Sou um cão abandonado, uma criança a brincar
Sou o pião que um dia tu viste a girar
Sou o xadrez que jogas com o coração
Sou eu quem se ajoelha rogando perdão
Sou um cão abandonado, arremessado contra a valeta
Sou o cigarro que fumas, quando te dá na veneta
Sou a sorte abençoada numa noite de casino
Sou um pobre peregrino, sem norte e sem destino
Sou um cão abandonado, entre curvas e ruelas
E continuo sem ser visto, coberto pelas velas
Se um dia passares por mim, finge que não me vês
Sou um cão abandonado que não quer saber quem és.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Ódio existencial
Odeio estes dias!
Odeio querer escrever e não conseguir
Odeio tomar um café que a nada me sabe
Odeio fumar um cigarro que não me acalma
Odeio estar a pensar no que não me faz bem
Mas sobretudo odeio esta raiva
Que me tira do sério
E que leva o meu sangue
A velocidades a nível de competição de rally
E que eleva o meu corpo
Mais alto que o céu, qual ave de rapina
Qual avião sem Norte ansiando o despenho
E rebento por dentro,sem o mostrar por fora
Mas continuo a escrever
Odiando cada palavra que nenhum sentido faz
Odiando a caneta, odiando o papel
E risco e volto a escrever,
E volto a escrever mas risco
Pois sei que amanhã será diferente
Porque o mais certo virá
E amanhã, terei algo novo para odiar
E com este ódio vem também o amor
Cruzando-se os dois, formando a dor
Qual música de António Variações
Onde a cabeça sem juízo,
Odeia e ama ajuízadamente o seu redor
E ama e odeia amar e odiar
Com a mesma força, com o mesmo ardor,
Com o mesmo olhar.
Odeio querer escrever e não conseguir
Odeio tomar um café que a nada me sabe
Odeio fumar um cigarro que não me acalma
Odeio estar a pensar no que não me faz bem
Mas sobretudo odeio esta raiva
Que me tira do sério
E que leva o meu sangue
A velocidades a nível de competição de rally
E que eleva o meu corpo
Mais alto que o céu, qual ave de rapina
Qual avião sem Norte ansiando o despenho
E rebento por dentro,sem o mostrar por fora
Mas continuo a escrever
Odiando cada palavra que nenhum sentido faz
Odiando a caneta, odiando o papel
E risco e volto a escrever,
E volto a escrever mas risco
Pois sei que amanhã será diferente
Porque o mais certo virá
E amanhã, terei algo novo para odiar
E com este ódio vem também o amor
Cruzando-se os dois, formando a dor
Qual música de António Variações
Onde a cabeça sem juízo,
Odeia e ama ajuízadamente o seu redor
E ama e odeia amar e odiar
Com a mesma força, com o mesmo ardor,
Com o mesmo olhar.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Letter to Santa
"I'm drinking Jack all alone in my local bar"
I can still hear the wind whistle in my ear.
Been trying to figure out the words that he's been trying to tell me
At first, i couldn't believe what i thought i heard
And I reckon that it is my curse to live with.
Regret, anger, frustration for some things I've made
I know there's no running away, I'll have to live with it
Many years have gone by, and it still lingers in my head
The guilt, for being weak when I shouldn't
And for pretending I was strong when I wasn't
Every day, whether I'm alone or not
The wind still talks to me.
Though i can't seem to capture all of it
There's a sentence, that stands crystal clear on my mind
"I want you back" , thats what he whispers
So that I can't forget how weak I was
And for that, I'm sorry.
"How we're going to make it work when it hurts,
when you pick yourself up you get kicked to the dirt"
So Santa, I'm all out of Jack,
And all i want for Christmas, is another bottle :)
domingo, 28 de novembro de 2010
caminhar
Enquanto percorres o teu caminho, vives momentos mais intensos que a vida, passas por pessoas com olhares distantes, vazios , retornas ao tempo em que também tu eras assim.
Choras, e choras não pelo que vês, não pelo que sentes nem pelo que sentiste, mas sim por saberes que nada mudou, nem o teu olhar, nem a tua vida.
Procuras um abraço entre a multidão, mas ninguém parece querer abrigar-te da chuva que te queima o corpo.
Mas quando fechas os olhos, vês-me aparecer por entre crianças e idosos, cães e bicicletas, e sentes o meu abraço apertado sobre o teu corpo.
E quando abres os olhos, vês que é apenas o vento que sopra traquino à tua volta, e eu posso ter partido, mas o vento que te percorre a face é a minha sombra, e o que sentes quando te toca, sou eu
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Varanda da cozinha
Quase todos os dias da semana, entre o pôr do sol e a madrugada, sento-me na varanda da cozinha, abrindo a porta de correr sem tentar fazer barulho, e fico ali a admirar o céu e as formas das nuvens ( quando assim elas o permitem).
Penso sobre tudo, penso sobre nada, e vejo a minha vida toda a passar-me a frente com um ténue aceno de adeus.
Gostava que nao fosse um adeus, gostava talvez de um até logo, gostava de reencontrar o caminho que há tanto perdi, gostava de ter sucesso , não por ter sucesso, mas sim para mostrar a mim mesmo e ao mundo que sou capaz.
Talvez chegue o dia em que nao volte mais a essa varanda, e quando ou se esse dia chegar, saberei que consegui.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
O vento
O vento doi quando te toca na face
E o cheiro do teu rosto foge com ele e paralisa o mundo a tua volta
Deixas de sentir, deixas de ver , ficas cega para o mundo
Mas o mundo vê-te, mais cego do que tu
sábado, 9 de janeiro de 2010
Sinto-te
Vejo carros a passar, e pessoas que vagueiam
Vejo árvores que tremem ao vento
E o céu constante, compreensivo
Sinto o travo amargo da erva seca
E arregalo os olhos quando vejo q'afinal
O cigarro, sabe a ti
Sabe a ti porque tudo me sabe a ti
Porque tudo te quer trazer p'ra perto
Porque mesmo quando nao estas perto
Consegues estar perto
Por isso faço dele o meu vicio, porque sei
Sei que de cada vez que fumar um cigarro
Vais invadir-me a boca com teu sabor
E vais fazer-me arder a garganta
E tirar-me o ar
Como outrora fizeste, de outra maneira.
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