domingo, 28 de novembro de 2010

caminhar

Enquanto percorres o teu caminho, vives momentos mais intensos que a vida, passas por pessoas com olhares distantes, vazios , retornas ao tempo em que também tu eras assim.
Choras, e choras não pelo que vês, não pelo que sentes nem pelo que sentiste, mas sim por saberes que nada mudou, nem o teu olhar, nem a tua vida.
Procuras um abraço entre a multidão, mas ninguém parece querer abrigar-te da chuva que te queima o corpo.
Mas quando fechas os olhos, vês-me aparecer por entre crianças e idosos, cães e bicicletas, e sentes o meu abraço apertado sobre o teu corpo.

E quando abres os olhos, vês que é apenas o vento que sopra traquino à tua volta, e eu posso ter partido, mas o vento que te percorre a face é a minha sombra, e o que sentes quando te toca, sou eu

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Varanda da cozinha

Quase todos os dias da semana, entre o pôr do sol e a madrugada, sento-me na varanda da cozinha, abrindo a porta de correr sem tentar fazer barulho, e fico ali a admirar o céu e as formas das nuvens ( quando assim elas o permitem).
Penso sobre tudo, penso sobre nada, e vejo a minha vida toda a passar-me a frente com um ténue aceno de adeus.
Gostava que nao fosse um adeus, gostava talvez de um até logo, gostava de reencontrar o caminho que há tanto perdi, gostava de ter sucesso , não por ter sucesso, mas sim para mostrar a mim mesmo e ao mundo que sou capaz.
Talvez chegue o dia em que nao volte mais a essa varanda, e quando ou se esse dia chegar, saberei que consegui.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O vento

O vento doi quando te toca na face
E o cheiro do teu rosto foge com ele e paralisa o mundo a tua volta
Deixas de sentir, deixas de ver , ficas cega para o mundo
Mas o mundo vê-te, mais cego do que tu

sábado, 9 de janeiro de 2010

Sinto-te


Na varanda, fumo um cigarro
Vejo carros a passar, e pessoas que vagueiam
Vejo árvores que tremem ao vento
E o céu constante, compreensivo
Sinto o travo amargo da erva seca
E arregalo os olhos quando vejo q'afinal
O cigarro, sabe a ti
Sabe a ti porque tudo me sabe a ti
Porque tudo te quer trazer p'ra perto
Porque mesmo quando nao estas perto
Consegues estar perto
Por isso faço dele o meu vicio, porque sei
Sei que de cada vez que fumar um cigarro
Vais invadir-me a boca com teu sabor
E vais fazer-me arder a garganta
E tirar-me o ar
Como outrora fizeste, de outra maneira.