quinta-feira, 19 de abril de 2012

Ódio existencial

Odeio estes dias!
Odeio querer escrever e não conseguir
Odeio tomar um café que a nada me sabe
Odeio fumar um cigarro que não me acalma
Odeio estar a pensar no que não me faz bem

Mas sobretudo odeio esta raiva
Que me tira do sério
E que leva o meu sangue
A velocidades a nível de competição de rally
E que eleva o meu corpo
Mais alto que o céu, qual ave de rapina
Qual avião sem Norte ansiando o despenho
E rebento por dentro,sem o mostrar por fora

Mas continuo a escrever
Odiando cada palavra que nenhum sentido faz
Odiando a caneta, odiando o papel
E risco e volto a escrever,
E volto a escrever mas risco
Pois sei que amanhã será diferente
Porque o mais certo virá
E amanhã, terei algo novo para odiar

E com este ódio vem também o amor
Cruzando-se os dois, formando a dor
Qual música de António Variações
Onde a cabeça sem juízo,
Odeia e ama ajuízadamente o seu redor

E ama e odeia amar e odiar
Com a mesma força, com o mesmo ardor,
Com o mesmo olhar.

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